quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Elementos da SPEA Açores colaboram na ilha da Berlenga

Durante os últimos dias a Tânia Pipa, o Ruben Coelho e o Carlos Silva, elemntos da SPEA Açores têm estado a colaborar com os trabalhos desenvolvidos na ilha da Berlenga pelo projeto LIFE que aí está a ser implementado.



Este projeto tem o intuito de combater a proliferação de espécies invasoras e potenciar o crescimento das espécies naturais da ilha, o projeto Life Berlengas vai iniciar este mês o controlo das populações de mamíferos invasores, o rato-preto e o coelho. Estas espécies são consideradas pela União Internacional de Conservação da Natureza (UICN) como duas das 100 espécies invasoras mais prejudiciais do mundo. Este é capítulo decisivo para a recuperação do ecossistema da ilha da Berlenga, num esforço pioneiro e marcante na história da conservação de Áreas Protegidas em Portugal Continental.


A recuperação dos habitats da ilha da Berlenga é um dos principais objetivos que o projeto Life Berlengas procura alcançar, tentando aproximar este ecossistema das condições que ali existiam antes da presença humana. Neste tipo de habitats, naturalmente isolados pela geografia durante milhares de anos, a evolução das espécies fez-se de forma muito particular: as ilhas são, hoje em dia, autênticos polos de biodiversidade, com espécies únicas que não podem ser encontradas noutros locais do mundo (espécies endémicas), e com espécies nativas que são particularmente suscetíveis à presença de espécies exóticas invasoras.

O Life Berlengas é um projeto coordenado pela SPEA, em parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Câmara Municipal de Peniche, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, tendo ainda a Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (Peniche) do Instituto Politécnico de Leiria como observador.


O projeto, que teve início a 1 de junho de 2014, será implementado até 30 de setembro de 2018.

Para mais informações sobre o projeto visite www.berlengas.eu
Leia o comunicado completo AQUI

domingo, 25 de setembro de 2016

Educar para Preservar em Curta-Metragem

No passado dia 10 de Agosto a população do Corvo juntou-se a nós para mais uma sessão pública. Foram 50 os presentes na estreia de "Educar para Preservar em Curta-Metragem" uma apresentação da SPEA Corvo com a participação dos jovens actores corvinos sempre preparados para ajudar a preservar o meio ambiente.




Fotos: Bárbara Proença

Estes jovens foram essenciais na realização dos Scatches Ambientais, "Plástico Reutilizado é Menos 1 Afogado", "A maior Herança é Fazer a Diferença", "Poupe Água, a Água é de Todos!" e "Se queres Jantar?...o Mar tens que Preservar!" com o intuito de sensibilizar a população para a necessidade de proteger o seu património natural. No fim e como forma de agradecimento a todos os que tem colaborado com o projecto foi oferecida uma t-shirt do projecto.

Para se informar basta no link em seguida clicar!

Plástico Reutilizado é Menos 1 Afogado

A maior Herança é Fazer a Diferença

Poupe Água, a Água é de Todos!

Se Queres Jantar?...o Mar tens que Preservar!

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Os cagarros do Ilhéu de Vila Franca do Campo voam mais longe

Continua a avaliação do sucesso reprodutor da população de cagarros (Calonectris borealis) do ilhéu de Vila Franca do Campo. A população é acompanhada mensalmente desde a postura do ovo até ao nascimento das crias recolhendo dados da condição corporal e biometrias.

O cagarro é uma ave marinha pelágica que apenas se desloca para terra na época de reprodução, onde coloca um único ovo, numa cavidade no solo. O ilhéu tem uma colónia de cagarros, normalmente, com uma elevada taxa de sucesso reprodutor que varia em função de diferentes fatores (ex: predação e disponibilidade alimentar).

De forma a conhecer os hábitos, rotas e locais de alimentação e o uso de habitat marinho, três investigadores da Universidade de Coimbra, deslocaram-se ao ilhéu para colocar GPS em algumas aves (fig. 1). Estes aparelhos, para além de registarem as coordenadas geográficas e o percurso de voo destas aves, podem eventualmente ter sensores de pressão e humidade que nos indicam o comportamento da aves, respetivamente se está a mergulhar para se alimentar ou a repousar à superfície da água.




Colocação de GPS em cagarro

Dos 15 GPS colocados foram apenas recuperados 5. Os dados de momento estão a ser analisados tendo já sido apurados alguns dados curiosos da viagem de dois cagarros num período de uma semana. Na primeira imagem um cagarro esteve a alimentar-se ao longo da costa sul de São Miguel, visitando os ilhéus das Formigas e a encosta nordeste da ilha. A imagem seguinte, representa a rota de um cagarro a efetuar uma viagem longa para o Atlântico Norte.




Estes dados são surpreendentes e demonstram a elevada capacidade de movimentação destas aves. No entanto, os investigadores mostraram-se preocupados pela existência de muitas viagens longas para a obtenção de alimento. Estas aves visitaram com menos frequência os ninhos para alimentar as crias e estas perderam peso. O que leva a suspeitar, de uma generalizada falta de alimento disponível com um maior esforço na procura do mesmo.

Este trabalho teve o apoio da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, do Clube Naval de Vila Franca do Campo, do Parque Natural de ilha de S. Miguel e da Marina de Vila Franca do Campo.

Termina hoje o Concurso “Quantos Priolos há no mundo?”

Termina hoje, 15 de setembro, o desafio lançado no início do mês de Setembro, que pretende envolver todos na divulgação das estimativas populacionais resultantes da III Edição do Atlas do Priolo. – “Quantos Priolos há no mundo?!”

Já conta com vários palpites de alguns dos seguidores da página de Facebook do Centro Ambiental do Priolo e os vencedores serão aqueles que mais se aproximarem da estimativa encontrada pelos técnicos da SPEA.


Priolo
                                                                  Foto: Ruben Coelho

Ainda pode colocar a sua sugestão e vencer um dos prémios disponíveis neste concurso. Serão aceites todas as respostas enviadas até às 23h do dia de hoje.

Os vencedores serão contactados por mensagem privada no facebook.
Esteja atento, poderá ser um dos premiados nesta iniciativa!

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Ciências nas Férias: habitantes do charco

A segunda aventura nas férias consistiu numa saída de campo pelas "fontes" da ilha do Corvo, habitat preferencial para os habitantes do charco, que vivem entre a água e a terra, e por essa razão são denominados de anfíbios, pois tem vida dupla. 

Foto: Tânia Pipa

Podem dividir-se em 3 ordens (Anura, rãs, sapos e relas, que não tem cauda quando são adultos, tem membros posteriores longos para poderem saltar e os machos são excelentes cantores, ou seja, tem cordas vocais muito úteis para chamar a atenção das fêmeas na época do acasalamento; Urodela ou Caudata, salamandras e tritões que possuem cauda durante toda a sua vida; e por fim a ordem Apoda ou Gymnophiona, sem patas, membros locomotores e sem cauda ou muito reduzida, mais parecidos com as minhocas (anelídeos, invertebrados) mas com a diferença de serem vertebrados).  

Nos Açores há apenas 2 espécies, a Rã-verde (Rana perezi) que se encontra por todas as ilhas desde que foi introduzida no século XIX e o Tritão-de-crista (Triturus cristatus) introduzido no século XX na ilha de São Miguel. Apesar de exóticas não apresentam impactos negativos para o ecossistema do arquipélago, inclusive tem um efeito benéfico pois contribuem para o controlo dos insectos, de outros invertebrados, são fonte de alimento de peixes, aves, e mamíferos sendo bons indicadores do bom estado ambiental do ecossistema.

Além deste conhecimento foi ainda possível aos 12 participantes observar a morfologia da Rã-verde e a importância da sua conservação, e a evolução/adaptação adquirida devido ao clima ameno dos Açores, onde o Tritão-de-crista não hiberna, uma característica que possui no seu habitat de origem.

Foto: Tânia Pipa

Ciências nas Férias: aventura noturna colorida por vidálias

Em tempo de férias foi tempo de largar os livros e partir à aventura no campo. A primeira aventura começou numa noite de verão onde os audazes aventureiros munidos de lanternas visitaram o território da vidália Azorina vidalii da família das Campânulas pelo seu formato da flor lembrar um sino. Esta aventura teve a colaboração da Drª Julie Weissmann uma fiel escudeira no que respeita ao conhecimento e protecção desta planta. 

                                         

Foram 14 os aventureiros que ficaram assim a conhecer melhor este endemismo dos Açores, que no Corvo pode ser observado nas zonas costeiras e em zonas de muita produtividade de nutrientes e que inclusive dá cor a muitas das canadas e casas da Vila do Corvo crescendo livremente sob a rocha vulcânica. Foi ainda dado ênfase aos insectos como importantes polinizadores e também às ameaças a que estão sujeitas, nomeadamente, as constantes alterações que ocorrem no seu habitat, característica inerente das zonas que ocupam, na maioria de influência antropogénica, as plantas invasoras como o espinafre da Nova-Zelândia Tetrgaonia tetragonioides e o salgueiro Tamarix africana, o uso de pesticidas, pisoteio, erosão, tempestades e herbivoria. 

                                         

Despedi-mo-nos assim, de uma população com mais de 3500 indivíduos maduros, uma das maiores populações nos Açores, classificada como em perigo crítico pelos critérios da IUCN (2001), protegida pela Convenção de Berna (revisão de 2002) – Anexo I e pela Diretiva Habitats DL 49/2005 de 24 de Fevereiro – Anexo II, considerada uma espécie prioritária que ocupa uma área total de 252km2 (Comissão Europeia, 2009) nos Açores e daí que as medidas de conservação aplicadas no projeto e pós-projeto com a sementeira direta da espécie no interior da vedação antipredadores da Reserva Biológica do Corvo permitem não só a recuperação do habitat como permitem a dispersão da espécie numa área protegida livre de ameaças.












segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Reunião na Graciosa marca o arranque de uma nova Era para a conservação das espécies de aves a nível Europeu

Na passada quinta e sexta-feira estiveram reunidos diversos especialistas com o objetivo de iniciar o processo de definição do Plano de Ação Europeu para a conservação do painho-de-monteiro. Esta reunião, promovida pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), marca o início de uma nova Era para a conservação das espécies de aves a nível Europeu.

Em 2015 a Comissão Europeia apostou na BirdLife International para liderar um projeto que definisse as linhas orientadoras para os futuros Planos de Ação de Espécies da Europa. Foi assim que surgiu o Life EuroSAP, um projeto que junta 10 países, 16 espécies-alvo e 13 parceiros. Em Portugal, o projeto conta com a representação da SPEA, que é responsável por liderar o Plano de Ação do painho-de-monteiro. O EuroSAP conta com o co-financiamento do Progama LIFE+ da Comissão Europeia, do Secretariado do Acordo para a Conservação das Aves Aquáticas Migratórias Afro-Euroasiáticas (AEWA) e da Fundação MAVA.


 No dia 8, uma visita rápida ao ilhéu da Praia, onde se encontra uma das principais colónias de painho-de-monteiro, marcou o início da sessão de planeamento do Plano de Ação Europeu para a conservação daquela que é a única ave marinha endémica dos Açores. Posteriormente, o grupo de trabalho, baptizado em 2014 como “Monteiroi task-force”, reuniu-se na biblioteca municipal de Santa Cruz da Graciosa para discutir aquele que será o futuro do painho-de-monteiro. Foram identificadas as principais ameaças a que a espécie se encontra sujeita atualmente e definidas as ações que são necessárias tomar para responder para garantir a prosperidade da espécie. Foram discutidos não só os aspetos relacionados com a sua biologia e conservação como também encaradas as oportunidades que o painho-de-monteiro pode trazer para a região, principalmente ao nível do turismo da natureza. Por exemplo, a observação de aves é uma atividade cada vez mais procurada por turistas quer estrangeiros como mesmo já nacionais, e para um país e região que encaram o sector do turismo como prioritário para o seu desenvolvimento económico, é de fato extremamente importante explorar de uma forma equilibrada os valores naturais existentes.



 Na reunião estiveram presentes os representantes de várias entidades públicas e privadas, nomeadamente o Parque Natural da Ilha Graciosa, o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores/MARE, MARE da Universidade de Coimbra, a Direção Regional de Ambiente, a Direção Regional dos Assuntos do Mar, Direção Regional do Turismo e Transportes, a Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, o Turismo dos Açores e a SPEA.

Pode ainda assistir à reportagem emitida na RTP Açores:

Paínho-de-monteiro é espécie alvo do Projeto Life EuroSAP




quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Tartaruga dá à costa no Corvo: efeitos do lixo marinho?

No passado dia 18 de agosto deu à costa na praia do Corvo uma tartaruga boba Caretta caretta morta. Uma vez que uma equipa do DOP (Departamento de Oceanografia e Pescas) se encontrava na ilha para estudar a fauna e flora marinhas do litoral costeiro, foi realizada a necrópsia da tartaruga no sentido de determinar as causas de morte. Assim junta-mo-nos a eles para mais uma acção de sensibilização ambiental da população.


Fotos: Frederico Cardigos

Ao observar o estômago da tartaruga foram observados pedaços de plástico, e ainda que a causa da morte não possa ser determinada com certeza, o plástico pode ter sido um factor determinante. Todos os anos morrem por asfixia ou ingestão de fragmentos de plástico mais de um milhão de animais marinhos, desde mamíferos marinhos, tartarugas, aves marinhas, peixes e até o zooplâncton devido às micro-partículas.


Fotos: Frederico Cardigos

O lixo marinho, e em particular o plástico é hoje em dia uma das maiores ameaças para o meio marinho. Sabe-se que cerca de 80 % do plástico encontrado no mar tem origem terrestre. Este é levado por enxurradas para o mar ou despejado directamente nos rios ou no mar, percorrendo milhares de quilómetros até formar as ilhas de lixo devido à confluência das correntes oceânicas, neste momento existem 5 ilhas de lixo no planeta, muitas delas do tamanho de países.

Esta foi mais uma forma de rever conhecimentos já apreendidos nas aulas de educação ambiental e observar na prática todo o impacto que estamos a causar no meio marinho.

Fica ainda um Obrigado ao DOP pela disponibilidade e aos 12 participantes na actividade. Esperemos que tenham agora a vontade para mudar comportamentos e que contribuam para a diminuição do lixo no mar e efeito deste nos organismos marinhos.


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O painho-de-monteiro, um valor natural presente nas Reservas da Biosfera Açorianas

A Graciosa, as Flores e o Corvo são as únicas ilhas no mundo onde podemos encontrar colónias de nidificação desta pequena ave marinha, o painho-de-monteiro. Curiosamente, esta espécie é o elo de ligação de três Reservas da Biosfera da UNESCO que podemos encontrar nos Açores, o que revela a sua importância como santuários naturais.

                                                              Painho-de-monteiro

Durante o passado mês de julho, a SPEA realizou várias expedições para monitorizar algumas das principais colónias de reprodução de painho-de-monteiro. Vários meios foram usados para aceder aos locais mais inacessíveis. Como por exemplo, no Corvo as prospecções foram realizadas a partir de um pequeno bote, enquanto nas Flores a equipa teve de recorrer a um kayak para aceder a alguns ilhéus e rochedos.

Com a ajuda de voluntários, a equipa da SPEA percorreu vários locais da costa da ilha das Flores com o intuito de detetar novas colónias desta espécies. De forma a definir os melhores pontos onde os técnicos poderiam realizar as escutas nocturnas, previamente foram selecionados os locais mais propícios para a nidificação. Cada  local foi visitado durante as primeiras horas da noite.


                                                               Medição do Tarso
                                     
A prospeção de ninhos de aves marinhas e a sua monitorização implicam, na maioria das vezes, trabalho nocturno, obrigando as equipas a usar ferramentas e tecnologias cada vez mais sufisticadas. Nos ilhéus de Baixo e da Praia (localizados ao largo da ilha Graciosa) foram recolhidos os aparelhos de gravação automática que tinham sido deixados meses antes. Estes aparelhos gravam as vocalizações produzidas ao cair da noite por estas aves, quando entram e saem dos ninhos. No ilhéu da Praia foram também montadas várias redes verticais para capturar os indivíduos que voam à noite em redor da colónia de reprodução. No final da campanha, foram capturados e anilhados186 painhos-de-monteiro e foram controlados cerca de 100 outras aves que já possuíam anilha. Entretanto durante o período diurno, a equipa aproveitou para monitorizar os vários ninhos conhecidos. A maioria das crias já tinha eclodido e encontrava-se em bom estado de saúde. No entanto, foram detetados alguns eventos de predação, provavelmente levados a cabo pela introduzida lagartixa-da-madeira.

                                              Prospeção nos Ilhéus da Alagoa (Flores)                  

Ao longo dos últimos dias, a equipa aproveitou para realizar uma sessão pública para as comunidades locais, onde foram apresentados os principais resultados do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos dois anos. Durante esta sessão, foram também apresentados os principais objetivos do projeto LIFE EuroSAP, tendo sido dada particular atenção à sua importância para o futuro desta pequena espécie de ave marinha - o painho-de-monteiro.



                                           Painho-de-monteiro no Ilhéu Sentado (Flores)
                                                              
Gostaríamos de apresentar os nossos agradecimentos à Associação de Bombeiros Voluntários da Santa Cruz das Flores, ao Parque Natural da Ilha das Flores, ao Carlos Toste (do Hotel Ocidental) e à Sandra Quaresma, tendo sido essenciais para o sucesso das ações desenvolvidas na ilha das Flores. Um agradecimento especial ao Parque Natural da Ilha Graciosa e ao seu Diretor pelo enorme apoio que tem demonstrado para com a equipa da SPEA desde o início dos trabalhos. Obrigado também aos colegas do MARE/DOP da Universidade dos Açores pela partilha de conhecimento e de informação bem como pelos momentos no campo. Finalmente, obrigado ao Parque Natural da Ilha do Corvo pelo apoio prestado à equipa.





Fotos: Tânia Pipa