quinta-feira, 28 de abril de 2016

Discutindo o futuro das espécies ameaçadas de Portugal e do resto da Europa

Durante a semana passada, 20 especialistas, incluindo representantes da SPEA, estiveram a trabalhar juntos na sede da ONU, em Bona, em prol do progresso do projeto LIFE EuroSAP, que se encontra atualmente a desenvolver e a atualizar os Planos de Ação (SAP) para 16 espécies de aves, incluindo o do painho-de-monteiro, ave marinha que só ocorre nos Açores, nomeadamente nos ilhéus da Graciosa.

Os SAP compilam informação acerca do estado, ecologia e ameaças que afetam determinada espécie de ave, e são usados pela Comissão Europeia para implementar as ações necessárias para melhorar o seu estatuto de conservação na Europa. Os SAP incluem ainda os procedimentos necessários para uma coordenação efetiva da Comissão Europeia com todas as entidades envolvidas na conservação das espécies a nível internacional, incluindo os estados-membros, as convenções internacionais e as organizações não-governamentais.

Ao longo dos últimos anos esta revisão tornou-se urgente, uma vez existem espécies que apesar de já beneficiarem de SAP antigos, têm visto o seu estado de conservação deteriorar-se, por outro, novas espécies têm surgido, principalmente devido ao aprofundamento do conhecimento acerca de algumas subespécies que as permitiu elevar ao estatuto de espécie. É neste último grupo que se encaixa o caso do painho-de-monteiro.



Dentro do EuroSAP, a SPEA é o parceiro responsável pela promoção da designação do SAP desta pequena ave marinha, que apenas pode ser vista no arquipélago dos Açores. Este processo teve início num pequeno projeto liderado pela SPEA, que decorreu entre 2014 e 2015 – Projeto Painho-de-monteiro (fase 1), financiado pela BirdLife International no âmbito do Programa Preventing Extinctions – culminando com a formação da “Monteiroi Task-force” já no âmbito do EuroSAP.

Durante a reunião da semana passada os parceiros do EuroSAP reviram o progresso do projeto, equanto que a comissão científica analisou aspetos particularmente importantes, tais como o formato dos SAP, a sua abrangência geográfica, a ligação a outros processos SAP, a ligação ao sistema de avaliação da União Europeia e a estrutura da ferramenta de rastreamento dos SAP (uma plataforma eletrónica online para ajudar na disseminação da informação, que é um passo crucial para o futuro mapeamento da implementação e avaliação dos SAP).

Obrigado a todos os colegas que disponibilizaram o seu tempo e experiência, contribuindo para a conservação do painho-de-monteiro! Os nossos agradecimentos também à AEWA por nos ter recebido nas suas instalações.




Trabalho da SPEA Açores divulgado no Congresso Ibérico de Ornitologia

Decorreu de 23 a 25 de abril o IX Congresso de Ornitologia da SPEA e VI Congresso Ibérico de Ornitologia em Vila Real.
A SPEA-Açores, representada pela Azucena de la Cruz, Ruben Coelho e Joaquim Teodósio, aproveitou este evento para apresentar os mais recentes dados de população do Priolo e o III Atlas do Priolo que decorre este ano. Esta apresentação serviu para angariar mais alguns voluntários para esta iniciativa onde irão ajudar a contar todos os Priolos do Mundo e que irá decorrer entre 28 de Junho e 2 de Julho ( http://centropriolo.spea.pt/pt/atlas-do-priolo/introducao/).
Durante o congresso, a SPEA Açores participou também no workshop sobre “Economia e Biodiversidade” salientando o impacto que projetos de conservação podem ter na comunidade em que se inserem e o trabalho realizado para promover o turismo sustentável nas Terras do Priolo através da Carta Europeia de Turismo Sustentável. Este workshop permitiu discutir diferentes perspetivas da ligação que existe entre economia e biodiversidade e ressaltar a importância do capital natural para uma economia verdadeiramente sustentável. Estes resultados servem inclusive para melhorar a comunicação sobre os projetos de conservação e otimizar os benefícios que estes projetos podem fornecer as comunidades humanas em que se inserem.

Apresentaram-se ainda, em formato póster, duas iniciativas de Citizen Science desenvolvidas nos Açores: os censos de Milhafres, que já contam com dez anos de dados e o Mapa de avistamentos de Priolo do Centro Ambiental do Priolo, que envolve cada ano mais visitantes da ZPE Pico da Vara/Ribeira do Guilherme na identificação e registo de avistamentos desta ave. Foi também apresentado um outro póster sobre o Priolo e a Monitorização da ocorrência invernal de Fernstripping.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

LIFE+ Terras do Priolo recebe novos estagiários

No passado mês de Março, a SPEA em São Miguel recebeu 5 novos estagiários que irão colaborar nas ações de conservação do projeto LIFE + Terras do Priolo, nomeadamente nos trabalhos de estabilização de taludes com técnicas de engenharia natural, reconversão de áreas puras de Incenso em áreas de Laurissilva, monitorização da vegetação, tratamento de sementes, a produção e manutenção das plantas em estufa e na preparação do III Atlas do Priolo.

Sonia Borowiecka, natural da Polónia e Alfonso Arroyo, natural de Madrid, frequentam o curso profissional de Técnico em Gestão Florestal e do Meio Natural no Centro de Capacitación Agraria em Villaviciosa de Odón (Madrid) e irão colaborar no projeto durante 3 meses no âmbito do programa Erasmus + ao mesmo tempo que irão realizar os seus trabalhos de fim de curso, sobre a distribuição do Priolo na ZPE Pico da Vara / Ribeira do Guilherme com base nos pontos de amostragem do Atlas de Priolo.

Javier Herrero, natural de Madrid, licenciado em Biologia na Universidad Autonóma de Madrid, encontra-se a frequentar o curso profissional de Gestão Florestal e do Meio Natural no Centro de Capacitación Agraria em Villaviciosa de Odón (Madrid). Irá a colaborar no projeto durante 3 meses no âmbito do programa Erasmus +. Adicionalmente, irá realizar o seu trabalho fim de curso sobre a germinação do banco de sementes nas areas de intervenção do projeto com o objetivo de analisar as percentagens de espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas endémicas vs. invasoras existentes no solo. 


Gonzalo Sanchez, natural de Madrid, está a estudar o curso profissional de Técnico em Gestão Florestal e do Meio Natural no Centro de El Escorial em Madrid. À semelhança dos anteriores encontra-se ao abrigo do programa Erasmus +, durante 3 meses. O seu trabalho de fim de curso será sobre os trabalhos de restauração de ecossistemas com vista a preservação de uma espécie. 

Aitor Kortabarria, natural do Pais Basco, é Técnico de Gestão Florestal e do Meio Natural pela Escola Profissional de Fraisoro (Pais Basco). Irá colaborar no projeto durante 6 meses através do programa de estágio Global Training dirigida pelo Departamento de Desarrollo Económico y Competitividad del Gobierno Vasco. 

O principal motivo pelo qual decidiram realizar o estágio com a SPEA é a oportunidade de trabalhar noutro país adquirindo experiência no terreno na área de conservação e gestão de florestas, como expõe o Gonzalo: “I chose this intership as I would like to work on issues of restoration of habitats in addition to the study of birds”.

A SPEA dá as boas vindas a estes estagiários e espera que esta experiência seja uma mais-valia para o seu futuro profissional.



Marca Priolo com 11 novos candidatos

A fase de candidaturas à Marca Priolo encerrou a 30 de Março com 12 novas solicitações de adesão. Com estes candidatos, e caso sejam todos aceites, o número total de empresas na Marca Priolo atingirá os 51 membros.

A Marca Priolo foi criada, no âmbito da Carta Europeia de Turismo Sustentável das Terras do Priolo e do projecto LIFE+ Laurissilva Sustentável, com o intuito de distinguir empresas ligadas ao turismo com sede ou atividade nas Terras do Priolo (Nordeste e Povoação) que assumam compromissos em prol da sustentabilidade e da conservação das áreas protegidas deste território. Também no presente ano, será realizada a renovação dos 15 primeiros membros que aderiram em 2012 e que deverão assumir novos compromissos.



O grupo de empresas que integram a Marca Priolo incluem restaurantes, unidades de alojamento local e rural, um hotel, empresas de animação turistica e uma agência de viagens, entre outras. O número de empresas envolvidas (tendo em conta que têm de ter atividades nas Terras do Priolo) e o interesse suscitado nos empresários por esta iniciativa são sem dúvida um sinal motivador para o seu envolvimento no promoção de um turismo mais sustentável nas Terras do Priolo bem como na conservação dos valores naturais deste território. 

terça-feira, 12 de abril de 2016

Festival da Primavera na Quinta do Priolo

No passado dia 8 de abril, a SPEA através da equipa do Centro Ambiental do Priolo (CAP) deslocou-se à Quinta do Priolo em Ponta Delgada, para participar no Festival da Primavera. Este festival com organização da Quinta do Priolo, juntou várias entidades que contribuíram para animar os dias 8 e 9 de abril com diversas atividades para os mais pequenos.
Exemplos de algumas atividades lúdicas destinadas aos mais pequenos
A SPEA esteve presente com a atividade " Descoberta da Laurissilva" e algumas plantas da Exposição " Uma Floresta, Um Futuro" com o objetivo principal dar a conhecer o Priolo e seu habitat, a Floresta Laurissilva dos Açores,aos mais pequenos que foram os protagonistas do festival.
Falando sobre a Laurissilva dos Açores e o Priolo aos mais pequenos

Na parte da manhã participaram 6 turmas de diferentes escolas da ilha, desde o ensino básico até ao 1ª ciclo. Com a ajuda de umas silhuetas de algumas das espécies de plantas endémicas e nativas da Floresta Laurissilva como o cedro-do-mato, a urze, a ginja-do-mato, o tamujo, o patalugo e o sanguinho, realizaram-se diferentes jogos nesta pequena floresta onde as crianças puderam aprender mais sobre o Priolo, o que come e qual é o seu habitat. Falaram-se ainda de algumas das principais ameaças que esta ave enfrenta, nomeadamente a introdução e expansão das plantas exóticas invasoras.

Na parte da tarde, participaram 5 grupos de intituições de ocupação tempo livre, entre eles várias pessoas da Associação de Surdos de São Miguel (ASISM) que desfrutaram da atividade com a ajuda do seu intérprete de linguagem gestual. 

No total, foram mais de 150 crianças aquelas que descobriram um pouco mais sobre o priolo, uma ave que só pode ser observada nas Terras do Priolo ( concelhos do Nordeste e Povoação) e que já começa a ser um símbolo de sucesso numa história de conservação que já começou há mais de 10 anos atrás.

A equipa do CAP agradece o convite da Quinta do Priolo, e a todas as entidades, professores e alunos que estiveram presentes nesta atividade.

Até Breve!

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Progenitor da Lua-de-mel no Corvo já chegou

No passado dia 6 de abril, pelas 22h30 e após as escutas nocturnas na zona do Pingas onde ouvimos estapagado Puffinus puffinus, frulho Puffinus iherminieri e como não poderia deixar de ser muitos cagarros. Na descida e como a noite assim o incentivava, nada como mais um passeio nocturno com paragem obrigatória no ninho da Lua-de-mel no Corvo na esperança de confirmar que já se encontrava alguém em "casa". E lá estava o macho, o progenitor do ninho mais famoso do mundo recebeu-nos logo em plenos pulmões e para não o incomodar foi registar o momento e deixa-lo a sós à espera da progenitora que ainda não havia aparecido. Fiquem atentos! Dentro em breve teremos nova Lua-de-mel em directo da mais pequena.


Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia visita a Reserva Biológica do Corvo

No passado dia 8 de Abril o Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia visitou a Reserva Biológica do Corvo (RBC), a primeira vedação antipredadores da Europa e uma das áreas de intervenção do Plano de Acção Pós-Projecto LIFE "Ilhas Santuário para as aves marinhas". Aqui o secretário teve a oportunidade de ver a recuperação de habitat do local, graças às plantações de mais de 8000 plantas nativas provenientes da produção do estufim incorporado na Escola Básica e Secundária Mouzinho da Silveira, os ninhos artificiais das várias espécies de aves marinhas e os trabalhos de reparação e melhoramento da vedação antipredadores para resistir às intempéries do Corvo. 


Visita aos ninhos artificiais

Por último, houve ainda tempo para mostrar o local que pelo segundo ano consecutivo apresenta sinais de prospecção por cagarro Calonectris borealis, o que nos dá esperança para que num futuro próximo tenhamos cagarros a nidificar nesta zona livre de predadores. Na saída, e pela primeira vez o secretário procurou e encontrou a geocache da RBC, algo que ainda não tinha experimentado.

Local de Prospecção
Secretário com a equipa do projecto

terça-feira, 5 de abril de 2016

Novos estagiários no Corvo


O Plano de Acção do Pós-Projecto LIFE "Ilhas Santuário para as aves marinhas" tem dois novos estagiários que vão colaborar nas acções de conservação, seja na monitorização das áreas de intervenção do projecto, Reserva Biológica do Corvo e Reserva Biológica de Altitude, na monitorização do sucesso reprodutor de cagarro Calonectris borealis nas colónias próximas da Vila do Corvo, na produção de plantas nativas para a recuperação de habitat da ilha do Corvo e também nas acções de sensibilização e educação ambiental do projecto direccionadas para o público escolar e para a população em geral, entre outras acções às quais prestarão apoio.


A Neus Bagué é natural da Catalunha, tem 24 anos e estou Geografia, Ordenamento do Território e Gestão do Meio Ambiente, fez também um mestrado em Análise e Gestão das Alterações Climáticas e vai colaborar com o projecto durante 6 meses no âmbito do Programa Europeu Eurodysseé.


O Javier Garcia é natural de Madrid e estudou Gestão Florestal e do Meio Natural e apresenta-se no Corvo para realizar o módulo prático através do programa ERASMUS+ e colaborará nas acções do projecto durante os próximos três meses.


Bem-vindos ao Corvo e Bom trabalho!


segunda-feira, 4 de abril de 2016

Mistic Seas: Technical Workshop-WK1


No dia 29, 30 e 31 de Março realizou-se o primeiro workshop técnico do projecto Mistic Seas (Indicadores e critérios standard para as ilhas da Macaronésia através de metodologias e medidas comuns de monitorização da biodiversidade marinha na macaronésia) na Horta, Faial. Este projecto é coordenado pelo Fundo Regional para a Ciência e Tecnologia, pela Secretaria Regional do Mar, Ciência e Tecnologia, e pelo Governo Regional dos Açores, em parceria com a Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, Governo Regional da Madeira (Direcção Regional do Ordenamento do Território e Ambiente/Serviço do Parque Natural da Madeira), Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, Fundação Biodiversidade do Ministério da Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente, Instituto de Oceanografia Espanhol e Direcção Geral da Sustentabilidade da Costa e do Mar, e com a colaboração de diversas entidades, nomeadamente a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, IMAR- Universidade de Coimbra, Fundação Gaspar Frutuoso-Universidade dos Açores, Grupo de Investigação e Conservação das ilhas Canárias, ADS Biodiversidad, Universidade da Madeira, ALNILAM e SECAC e tem como principal objectivo definir metodologias comuns na região biogeográfica da Macaronésia com base nos três grupos funcionais do descriptor um (Biodiversidade) da Directiva Quadro Estratégia Marinha (DQEM), nomeadamente, mamíferos marinhos, tartarugas marinhas e aves marinhas, para avaliar o Bom Estado Ambiental das águas macaronésias com o intuito de adoptar e promover estratégias para o uso sustentável dos recursos marinhos (http://www.rtp.pt/acores/sociedade/cientistas-marinhos-reunidos-no-faial-video_49929).

Para isso, estiveram reunidos cerca de 35 especialistas das Canárias, Açores e Madeira, nos três grupos funcionais  com o objectivo de rever as recomendações da DQEM e inclusive integrar as recomendações do ICES (Conselho Internacional para a Exploração do mar) e da OSPAR (Convenção para a Protecção do Meio Marinho do Atlântico Nordeste), definir as unidades/espécies como indicadores, harmonizar as metodologias, harmonizar as metas, identificar as lacunas e definir programas de monitorização para que se definam as estratégias comuns entre os três arquipélagos contribuindo para a avaliação do Bom Estado Ambiental. 

Sessão de abertura do projecto Mistic Seas apresentada
 pelo Director Regional dos Assuntos do Mar

Grupo de trabalho das aves marinhas debate estratégias

No final foi definido um formulário comum no qual foi enquadrada a informação recolhida de todos os arquipélagos, informação esta que será agora utilizada para definir as metodologias (WK2) e estratégias para testar essas metodologias comuns (WK3), que serão incorporadas numa base de dados comum (WK4) que irá definir o Plano de Acção (WK5) e que posteriormente divulgará o trabalho em questão com o intuito de promover a sustentabilidade do meio marinho com a consciencialização do público em geral (WK6). Este projecto será a ponte de partida para que no futuro a biodiversidade marinha esteja protegida e o meio marinho da região biogeográfica da Macaronésia seja usado de forma sustentável.

Grupo de especialistas das aves marinhas



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