quinta-feira, 31 de março de 2016

III Atlas das Aves Nidificantes de Portugal - 1 de abril nos Açores

A SPEA, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, o Laboratório de Ornitologia da Universidade de Évora, o Serviço do Parque Natural da Madeira e várias outras organizações que se juntarão ao projeto, vão avançar em 2016 com os trabalhos de campo do III Atlas das Aves Nidificantes de Portugal, que começam nos Açores já no dia 1 de abril. 

Este novo projeto surge da necessidade de, dez anos depois do anterior atlas das aves nidicantes, fazer-se um novo levantamento completo da distribuição e abundância das aves reprodutoras em todo o território nacional . O projeto irá também contribuir para o 2.º Atlas Europeu das Aves Nidificantes, para a atualização da Lista Vermelha das Aves de Portugal e para o relatório nacional da Diretiva Aves. 

A tarefa é grande e difícil, mas os ornitólogos portugueses têm dado provas de conseguir o que muitos consideram impossível. Um projeto desta envergadura necessita da participação de todos os observadores de aves, profissionais e amadores, nomeadamente nas visitas sistemáticas às quadrículas, e todos estão convidados a participar! 



Inscrições
As inscrições para participar como voluntário, nomeadamente nas visitas sistemáticas às quadrículas, já estão abertas. Para participar, agradecemos contacte diretamente o Responsáveis Regionais (Rúben Coelho), ruben.coelho@spea.pt ou 914212449. Depois da inscrição será contactado para atribuição de quadrículas e envio de informação mais detalhada. 

Metodologia de campo
A metodologia será baseada na apresentação dos dados em quadrículas de 10 km x 10 km e no registo das observações em tétradas de 2 km x 2 km, estando prevista a recolha de registos pontuais de nidificação (não sistemáticos), registos sistemáticos às quadrículas e, para muitas espécies serão efetuados censos dirigidos.  Saiba mais em Metodologia

Nos Açores
Nos Açores existem 18 quadriculas que ainda estão disponíveis (a vermelho nas imagens a baixo).  Se está interessado em participar, e ficar responsável por uma destas quadriculas a VERMELHO, por favor informe-nos do seu interesse. 



​A sua participação é muito importante! Ajude-nos também a divulgar esta iniciativa! 

Encontrado feto-frisado na Serra da Tronqueira

Durante os meses de Janeiro e Fevereiro, a equipa da SPEA realizou a primeira visita às parcelas que foram instaladas no âmbito da ação D4 do projeto LIFE+ Terras do Priolo. Esta ação D4 tem como objetivo quantificar o fluxo de sedimentos provocados pela erosão hídrica ao longo do projeto, uma vez que se efectuarão trabalhos de recuperação de Floresta de Laurissilva em margens de linhas de água. Durante esta primeira monitorização foram encontradas várias manchas de dimensão considerável do feto-frisado (Trichomanes speciosum).


A importância deste achado deves-se ao facto de até o momento não existir qualquer registo geográfico desta espécie na zona este da ilha de São Miguel, concretamente na Serra da Tronqueira. 

A confirmação desta espécie foi realizada por técnicos do Projeto LIFE+ Terras do Priolo, com o apoio do Prof. Rui Elias da Universidade dos Açores. O Trichomanes speciosum ou feto-frisado, é uma espécie protegida pela Convenção de Berma e Diretiva Habitats. Trata-se de uma espécie nativa,cuja área de distribuição em Portugal é muito restrita, ocorrendo nas regiões biogeográficas atlânticas e macaraonésicas. 


Como é uma mancha continua e bem distribuída pela área decidiu-se recolher alguns exemplares (cerca de 50) e serem transplantados para o viveiro do projeto. Assim é mais uma espécie a ser divulgada e no futuro a ser produzida em viveiro.


Para mais informação, consultar o portal da Base de Dados da Biodiversidade dos Açores AQUI
Ver estatuto de conservação (IUCN) AQUI

quarta-feira, 16 de março de 2016

Estufim do Corvo: 6 anos a contribuir para a conservação do património natural da ilha

Os Açores fazem parte da região biogeográfica da Macaronésia, que apresenta  um ecossistema único, chamado Laurissilva, floresta de louros. Este tipo de floresta húmida é um fóssil vivo da idade do gelo uma vez que foi preservada dos efeitos da última glaciação pelo efeito termo regulador do oceano Atlântico. Esta floresta pode ser dividida em quatro tipos consoante a exposição das plantas.

A ilha do Corvo é a ilha com menor número de endémicas que estão restringidas a pequenas bolsas residuais e às falésias inacessíveis em consequência do povoamento da ilha e consequente corte da floresta para madeira. Nos dias de hoje, a madeira provém da ilha das Flores. A destruição de habitat é uma das principais ameaças que as aves marinhas sofrem pela perda de disponibilidade de espaço para nidificar, assim, a recuperação de habitat continua a ser um dos principais objectivos para a conservação de aves marinhas seguidas pelo Plano de Acção Pós-Projecto LIFE “Ilhas Santuário para as aves marinhas”. Neste sentido, a produção de plantas no estufim incorporado na Escola Básica e Secundária Mouzinho da Silveira (EBSMS) tem contribuído para a recuperação de habitat nas áreas de intervenção do projecto, Reserva Biológica do Corvo e Reserva Biológica de Altitude e também na requalificação de espaços verdes da Vila do Corvo, assim como, outras áreas de intervenção do Parque Natural de ilha.

Azorina vidalii na Reserva Biológica do Corvo

Plantação na Reserva Biológica do Corvo

Erica azorica na Reserva Biológica de Altitude

Hoje em dia são produzidas 11 espécies representantes da Laurissilva, urze Erica azorica, faia-da-terra Morella faya, pau-branco Picconia azorica, cedro-do-mato Juniperus brevifolia, sanguinho Frangula azorica, uva-da-serra Vaccinium cylindraceum, folhado Viburnum treleasei, não-me-esqueças (Myosotis azorica, Myosotis marítima), bracel Festuca petrae e  vidália Azorina vidalii, estas últimas apenas por recolha e sementeira directa. No total já foram plantadas cerca de 12 000 plantas endémicas na ilha do Corvo desde a construção do estufim em 2010.

Produção de endémicas no estufim
Foto: Joaquim Teodósio

Além da produção de plantas o estufim desempenha ainda um papel de relevância na educação ambiental, desde o Jardim de Infância "Planeta azul" a todos os escalões etários da EBSMS com várias actividades relacionadas com o conhecimento e identificação das espécies, assim como, na colaboração na produção, desde a sementeira, repicagem e plantação. Desde Outubro, o estufim é também a área que permite a preparação para integração do aluno Diogo Lima no mercado de trabalho através do Plano individual de Trabalho (PIT), uma parceria da SPEA com a EBSMS e no qual o Diogo colabora na produção de plantas nativas e na criação de uma pequena horta biológica, com o valor da produção a reverter para acções de educação e sensibilização ambiental, junto dos mais jovens que tem desempenhado um papel chave para a mudança de mentalidades que permite hoje a recuperação de habitat e a consequente conservação da população de aves marinhas.

1º ciclo da EBSMS após repicagem de urzes

Identificação das espécies pelo Jardim de Infância

Diogo Lima numa actividade do PIT

De acrescentar ainda a colaboração dos jovens inseridos no programa OTLJ no mês de julho que além da recolha de sementes desenvolvem ainda actividades na manutenção do estufim. Assim como, a parceria do Parque Natural de ilha na recolha de sementes e na plantação das nativas, na qual a Câmara Municipal do Corvo tem também desempenhado um importante papel, inclusive com as acções futuras de criação de jardins de endémicas, requalificando os espaços públicos e promovendo desta forma junto da população local e dos turistas, a importância de preservar o património natural da ilha do Corvo.


Visita de Estudo à Reserva Biológica do Corvo

Os Alunos do Jardim de Infância "Planeta Azul" e do 1º ciclo da EBSMS tiveram direito a uma visita guiada pela Reserva Biológica do Corvo, uma das áreas de intervenção do Plano de Acção do Pós-Projecto LIFE "Ilhas Santuário para as aves marinhas". 



Durante a visita puderam perceber a função da vedação antipredadores, conhecer os ninhos artificiais de cagarro Calonectris borealis, roque-de-castro Hydrobates castro, frulho Puffinus ihermieri e estapagado Puffinus puffinus



Tiveram ainda oportunidade de identificar as espécies de plantas endémicas, nomeadamente, a urze Erica azorica, o bracel Festuca petrae, a vidália Azorina vidalii e o cedro-do-mato Juniperus brevifolia que tem sido plantadas na reserva e que aos poucos vão ocupando o seu espaço por direito contribuindo para que esta colónia livre de predadores, se torne no local ideal para as aves marinhas que fazem do Corvo a sua casa.



segunda-feira, 7 de março de 2016

Participantes inesperados

Esta manhã durante a atividade “Dias RAM” no Farol do Arnel, Nordeste, os técnicos da SPEA foram surpreendidos pela presença de duas aves encontradas pelo faroleiro numa das suas rondas matinais.


Tratavam-se de duas espécies de aves marinhas, um pintainho também conhecido por frulho/Audubon´s Shearwater (Puffinus lherminieri) e uma Pardela-preta/Sooty Shearwater (Ardenna griseus), foram atraídos pelo Farol durante a noite e recolhidos hoje de manhã.  

Pintainho
Pardela-Preta
O primeiro encontrava-se em boas condições e após as verificações necessárias foi libertado. Esta espécie é considerada residente nos Açores e nesta altura do ano encontra-se em plena época de nidificação. À semelhança do Cagarro é também atraída pelas luzes artificiais sendo possível encontrar alguns animais caídos nas zonas mais costeiras embora em menor número que o Cagarro.
Pintainho antes do momento da libertação.
Já a Pardela-preta encontrava-se um pouco debilitada pelo que os técnicos que verificaram o seu estado, retiraram as suas medidas biométricas e optaram por monitorizar a sua evolução durante a noite de hoje. Esta espécie é uma espécie migradora nos Açores, não sendo conhecidos dados de nidificação no hemisfério norte.

No caso de encontrar uma ave caída, pode sempre entrar em contacto com os serviços de ambiente da sua ilha ou o SEPNA.


Trilho Interpretativo pelas Terras do Priolo

No passado fim-de-semana, no dia 5 de março, realizou-se mais uma atividade do Programa de Atividades para a população em geral da SPEA nos Açores. Este "Trilho Interpretativo de Mata dos Bispos" decorreu na parte da manhã de sábado perto da Vila da Povoação, São Miguel.


Numa manhã já a lembrar a primavera, os 11 participantes foram presenteados com um sol radiante e puderam disfrutar ao máximo da visita guiada realizada pela técnica da SPEA Lourdes Penhil. Durante o percurso, a importância desta área de intervenção e as técnicas de engenharia natural ai aplicadas bem como a Laurissilva dos Açores foram vários dos aspetos focados.


Durante a atividade, os participantes aprenderam a identificar diferentes espécies de árvores e plantas endémicas e nativas da Floresta Laurissilva e também algumas das ameaças nomeadamente as espécies de plantas exóticas invasoras. E foram presenteadas com a presença de um priolo que vocalizou e se deixou observar pelos participantes. Adicionalmente, viram também algumas outras espécies de aves integrantes da avifauna dos Açores foram avistadas e o único mamífero endémico dos Açores, o Morcego-dos-Açores (Nyctalus azoreum) que pode também ser observado com frequência durante o dia nos Açores.

Na parte final do transepto, foram observadas com detalhe as várias técnicas de engenharia natural aplicadas para a beneficiação de numa área onde o terreno é muito inclinado para evitar derrocadas e estabilizar a área. A utilização da engenharia natural em áreas naturais é uma opção mais econômica e tem menos impacto no meio ambiente que a engenharia tradicional. Tendo nesta área sido aplicadas várias técnicas desde a hidrosementeira em taludes, muros e grelhas vivas e mesmo a utilização de estacaria para a estabilização de taludes.

A SPEA agradece a todos os participantes e até à próxima atividade.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Caixas-ninho no Jardim de Infância "Planeta Azul" cortesia do 3º ciclo da EBSMS


Na passada semana os alunos do 3º ciclo da EBSMS fizeram uma visita surpresa aos pequenos do Jardim de Infância "Planeta Azul". A ideia foi construir em conjunto duas caixas-ninho para colocar na árvore do jardim de infância para que os mais pequenos possam observar as aves que ali vão fazer ninho. 




As novas casas para os passarinhos como foram apelidadas pelos mais pequenos foram construídas pelos alunos do 3º ciclo com a supervisão dos mais pequenos, alguns deles bem exigentes quanto ao trabalho desenvolvido pelos mais velhos. Resta-nos agora esperar que as casas sejam do agrado dos passarinhos para que os pequenos os possam observar, à distância claro, enquanto estes fazem o seu ninho e alimentam os pintos.



O Cantinho do Diogo


Desde Outubro que estamos a desenvolver uma parceria com a Escola Básica e Secundária Mouzinho da Silveira no âmbito do Plano individual de trabalho (PIT), no sentido de desenvolver actividades que possam integrar o aluno Diogo Lima no mercado de trabalho. Para além das habituais tarefas de manutenção do estufim, desde a repicagem, limpeza e rega, o Diogo esteve a trabalhar na última semana no "Cantinho do Diogo", mais precisamente numa pequena horta biológica pela qual está responsável, desde a preparação do terreno, à monda, sementeira e rega. Agora é esperar que os frutos do trabalho do Diogo apareçam. 



Os legumes cultivados serão posteriormente vendidos à população e o lucro reverterá para as actividades de educação ambiental e num prémio para o Diogo pelo trabalho desenvolvido. Esta é uma acção que permite prepara-lo para o mercado de trabalho e a aprender valorizar o trabalho, uma vez que será recompensado pelo mesmo.




terça-feira, 1 de março de 2016

Saída de Observação de Aves nos Mosteiros

No passado sábado, dia 27 de fevereiro, realizou-se uma "Saída de Observação de Aves nos Mosteiros" para observação e identificação de aves migradoras que podem ser observadas nesta altura do ano na Área de Gestão de Recursos Ponta da Ferraria - Ponta da Bretanha. Esta atividade foi coordenada pelo programa Parque Aberto em parceria com a SPEA.



A atividade contou com a presença de 17 participantes, incluindo os organizadores. A atividade teve início às 9.30h junto à Praia dos Mosteiros com um pequeno briefing feito pela técnica do Parque Natural de São Miguel, Rita Sousa, e pelo técnico de SPEA, Rúben Coelho. Neste briefing foi mencionado o objetivo da atividade e também alguns detalhes sobre as características das aves migradoras que podem ser observadas nesta altura do ano.


Durante a atividade foram observadas as seguintes espécies:

1. Gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis atlantis)
2. Rola-do-mar (Arenaria interpres)
3. Corvo-marinho-d'orelhas (Phalacrocorax auritus)
4. Maçarico-pintado (Actitis macularius)
5. Maçarico-galego (Numenius phaeopus)
6. Bico-de-lacre (Estrilda astrild)
7. Toutinegra-de-barrete (Sylvia atricapilla)
8. Cagarro (Calonectris diomedea borealis)
9. Garajau (Sterna hirundo hirundo)
10. Alcatraz (Morus bassanus)
11. Pardal-do-telhado (Passer domesticus)
12. Melro (Turdus merula)
13. Pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula)
14. Canário-da-terra (Serinus canaria)
15. Estorninho-malhado (Sturnus vulgaris)
16. Alvéola-cinzenta (Motacilla cinerea)
17. Pombo-das-rochas (Columba livia)

A destacar, foram ainda observados os primeiros cagarros e garajaus do ano, na ilha de São Miguel.


A SPEA agradece a todas as pessoas que se disponibilizaram a participar nesta atividade. Obrigado e até à próxima atividade.