quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Os cagarros do Ilhéu de Vila Franca do Campo voam mais longe

Continua a avaliação do sucesso reprodutor da população de cagarros (Calonectris borealis) do ilhéu de Vila Franca do Campo. A população é acompanhada mensalmente desde a postura do ovo até ao nascimento das crias recolhendo dados da condição corporal e biometrias.

O cagarro é uma ave marinha pelágica que apenas se desloca para terra na época de reprodução, onde coloca um único ovo, numa cavidade no solo. O ilhéu tem uma colónia de cagarros, normalmente, com uma elevada taxa de sucesso reprodutor que varia em função de diferentes fatores (ex: predação e disponibilidade alimentar).

De forma a conhecer os hábitos, rotas e locais de alimentação e o uso de habitat marinho, três investigadores da Universidade de Coimbra, deslocaram-se ao ilhéu para colocar GPS em algumas aves (fig. 1). Estes aparelhos, para além de registarem as coordenadas geográficas e o percurso de voo destas aves, podem eventualmente ter sensores de pressão e humidade que nos indicam o comportamento da aves, respetivamente se está a mergulhar para se alimentar ou a repousar à superfície da água.




Colocação de GPS em cagarro

Dos 15 GPS colocados foram apenas recuperados 5. Os dados de momento estão a ser analisados tendo já sido apurados alguns dados curiosos da viagem de dois cagarros num período de uma semana. Na primeira imagem um cagarro esteve a alimentar-se ao longo da costa sul de São Miguel, visitando os ilhéus das Formigas e a encosta nordeste da ilha. A imagem seguinte, representa a rota de um cagarro a efetuar uma viagem longa para o Atlântico Norte.




Estes dados são surpreendentes e demonstram a elevada capacidade de movimentação destas aves. No entanto, os investigadores mostraram-se preocupados pela existência de muitas viagens longas para a obtenção de alimento. Estas aves visitaram com menos frequência os ninhos para alimentar as crias e estas perderam peso. O que leva a suspeitar, de uma generalizada falta de alimento disponível com um maior esforço na procura do mesmo.

Este trabalho teve o apoio da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, do Clube Naval de Vila Franca do Campo, do Parque Natural de ilha de S. Miguel e da Marina de Vila Franca do Campo.

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