Os Açores fazem parte da região biogeográfica da Macaronésia, que apresenta
um ecossistema único, chamado
Laurissilva, floresta de louros. Este tipo de floresta húmida é um fóssil vivo
da idade do gelo uma vez que foi preservada dos efeitos da última glaciação
pelo efeito termo regulador do oceano Atlântico. Esta floresta pode ser
dividida em quatro tipos consoante a exposição das plantas.
A ilha do Corvo é a ilha com menor número de endémicas que estão
restringidas a pequenas bolsas residuais e às falésias inacessíveis em
consequência do povoamento da ilha e consequente corte da floresta para madeira. Nos dias de hoje,
a madeira provém da ilha das Flores. A destruição de habitat é uma das
principais ameaças que as aves marinhas sofrem pela perda de disponibilidade de
espaço para nidificar, assim, a recuperação de habitat continua a ser um dos
principais objectivos para a conservação de aves marinhas seguidas pelo Plano
de Acção Pós-Projecto LIFE “Ilhas Santuário para as aves marinhas”. Neste
sentido, a produção de plantas no estufim incorporado na Escola Básica e Secundária
Mouzinho da Silveira (EBSMS) tem contribuído para a recuperação de habitat nas áreas de
intervenção do projecto, Reserva Biológica do Corvo e Reserva Biológica de
Altitude e também na requalificação de espaços verdes da Vila do Corvo, assim
como, outras áreas de intervenção do Parque Natural de ilha.
Azorina vidalii na Reserva Biológica do Corvo
Plantação na Reserva Biológica do Corvo
Erica azorica na Reserva Biológica de Altitude
Hoje em dia são produzidas 11 espécies representantes da Laurissilva, urze Erica
azorica, faia-da-terra Morella faya, pau-branco Picconia azorica, cedro-do-mato Juniperus brevifolia, sanguinho Frangula azorica, uva-da-serra Vaccinium cylindraceum, folhado Viburnum treleasei, não-me-esqueças (Myosotis azorica, Myosotis marítima),
bracel Festuca petrae e vidália Azorina
vidalii, estas últimas apenas por recolha e sementeira directa. No total já foram plantadas cerca de 12 000 plantas endémicas na ilha do Corvo desde a construção do estufim em 2010.
Produção de endémicas no estufim
Foto: Joaquim Teodósio
Além da produção de plantas o estufim desempenha ainda um papel de relevância na educação ambiental, desde o Jardim de Infância "Planeta azul" a todos os escalões etários da EBSMS com várias actividades relacionadas com o conhecimento e identificação das espécies, assim como, na colaboração na produção, desde a sementeira, repicagem e plantação. Desde Outubro, o estufim é também a área que permite a preparação para integração do aluno Diogo Lima no mercado de trabalho através do Plano individual de Trabalho (PIT), uma parceria da SPEA com a EBSMS e no qual o Diogo colabora na produção de plantas nativas e na criação de uma pequena horta biológica, com o valor da produção a reverter para acções de educação e sensibilização ambiental, junto dos mais jovens que tem desempenhado um papel chave para a mudança de mentalidades que permite hoje a recuperação de habitat e a consequente conservação da população de aves marinhas.
1º ciclo da EBSMS após repicagem de urzes
Identificação das espécies pelo Jardim de Infância
Diogo Lima numa actividade do PIT
De acrescentar ainda a colaboração dos jovens inseridos no programa OTLJ no mês de julho que além da recolha de sementes desenvolvem ainda actividades na manutenção do estufim. Assim como, a parceria do Parque Natural de ilha na recolha de sementes e na plantação das nativas, na qual a Câmara Municipal do Corvo tem também desempenhado um importante papel, inclusive com as acções futuras de criação de jardins de endémicas, requalificando os espaços públicos e promovendo desta forma junto da população local e dos turistas, a importância de preservar o património natural da ilha do Corvo.
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