quarta-feira, 3 de abril de 2024

Poluição luminosa: laboratórios e experiências ajudam a estudar impacto nas aves marinhas adultas

Terminou o projeto internacional INTERREG EELABS (Uso sustentável da Luz Artificial), cujo principal foco era a poluição luminosa e os seus efeitos nas aves marinhas na Macaronésia. Nos Açores, entre os vários objetivos alcançados destacam-se, na ilha do Corvo, a implementação de Laboratórios de Poluição Luminosa autónomos e a realização de duas experiências junto das colónias de cagarros, para perceber melhor os efeitos que a luz artificial tem sobre estas aves.  

No que diz respeito ao Laboratório de Poluição Luminosa, instalado na ilha do Corvo em 2021, este consiste num conjunto de fotómetros autónomos que permitem medir a escuridão do céu noturno e aferir se esta se aproxima da escuridão natural (aquela que haveria no caso de não existir qualquer iluminação artificial à noite) e serviu de base para a realização de experiências sobre o efeito da poluição luminosa em adultos de cagarro Calonectris borealis

Foto: Tânia Pipa

“O efeito da poluição luminosa nos adultos das aves marinhas é ainda um mistério, que quisemos ajudar a desvendar com este estudo. Ao mesmo tempo, queríamos aferir quais serão as luzes mais adequadas para mitigar potenciais impactos” aponta Elizabeth Atchoi, investigadora da OKEANOS-UAç e responsável junto dos técnicos da SPEA pela realização das duas experiências de poluição luminosa desenvolvidas entre 2022 e 2023 na ilha do Corvo. 

A primeira experiência  foi realizada no verão de 2022, durante o início de crescimento das crias de cagarro, quando existe maior movimentação dos adultos nas colónias. O objetivo desta experiência era determinar se a velocidade ou a tortuosidade (se os voos são direitos ou serpenteados) dos voos dos adultos, enquanto se moviam do mar para a colónia, se alteravam face à ausência da única fonte de poluição luminosa na ilha, a Vila do Corvo.  



Foto: Tânia Pipa

Após avaliação dos dados os investigadores não detetaram diferenças na velocidade ou tortuosidade dos voos entre noites com e sem iluminação pública. Embora o número de aves e trajetos que estas fizeram tenha sido baixo, os resultados sugerem que a exposição crónica à iluminação artificial pode levar à habituação dos cagarros adultos.  

A segunda experiência decorreu em 2023, e teve como objetivo testar o efeito de diferentes tipos de luz (luz branca e luz vermelha) no comportamento dos cagarros adultos, quando estes visitavam a colónia. De modo a comparar duas populações com níveis distintos de habituação à poluição luminosa, foram monitorizadas as aves de uma colónia virada para a Vila do Corvo, ou seja, iluminada durante toda a noite, e uma colónia num vale na costa oeste da ilha, que só esporadicamente é exposta a luz artificial por algum barco ou pessoa em caminhada.  

Foto: Ellie Ga

Em cada colónia, os investigadores compararam a influência da luz branca, da luz vermelha e da ausência de luz no número de cagarros adultos junto aos ninhos, durante a noite. Os resultados indicam uma menor presença de adultos à entrada do ninho na presença de luz branca, tendo os adultos sido detetados em maior número durante tratamentos com luz vermelha e nos períodos sem luz. Assim, a experiência parece indicar que a luz vermelha tem menor impacto nas aves marinhas – dados que podem informar futuras medidas de mitigação da poluição luminosa. 

Para além das experiências realizadas, este projeto promoveu ações de mitigação concretas, como a redução da iluminação pública ou o apagão de zonas críticas nos municípios de Santa Cruz da Graciosa, Povoação, Nordeste, Vila Franca do Campo e em particular no Município do Corvo, que desde 2019 realiza apagões gerais para diminuir o impacto desta ameaça sobre os juvenis de Cagarro.  

Os resultados preliminares do seguimento dos apagões na ilha do Corvo, indicam que 85% dos acidentes com juvenis desorientados acontecem com a iluminação pública ligada. Em 2023, foram ainda marcados 3 juvenis de Cagarro com marcas GPS-GSM de modo a seguir os seus movimentos após abandonarem o ninho e foi observado que  estas aves jovens permanecem entre 5 e 6 dias em redor da ilha até se afastarem completamente, sugerindo um período de aprendizagem em que são suscetíveis de voltar a ser afetados pela poluição luminosa.  

Finalmente, o projeto INTERREG EELabs delineou uma estratégia de sensibilização sobre poluição luminosa, contribuindo com ferramentas online e realizando quase 140 atividades para mais de 3500 participantes, e promovendo ações de ciência-cidadã associadas à campanha SOS Cagarro (promovida pela DRPM do Governo dos Açores) em São Miguel e Corvo. Desde 2020, foram organizadas 87 brigadas que envolveram 861 voluntários e resgataram mais de 4433 cagarros. No Corvo foram ainda promovidas brigadas em agosto para o resgate do estapagado Puffinus puffinus, ave marinha menos conhecida, mas abundante nas ilhas ocidentais. 

Chegado ao fim, podemos afirmar que o projeto EELABs foi mais um passo para conhecer, avaliar, minimizar o impacto da poluição luminosa sobre as aves marinhas e implementar a Estratégia para a Mitigação da Poluição Luminosa na Macaronésia” afirma Tânia Pipa, técnica de conservação marinha da SPEA. 

terça-feira, 19 de março de 2024

Faial ganha a BirdRace Azores 2023

 A BirdRace Azores é uma iniciativa organizada pela SPEA nos Açores com o apoio do Website Aves dos Açores que já vai na sua 10º edição que tem como objetivos fomentar a prática da atividade da Observação de Aves nos Açores, aproximar a comunidade da natureza e em 2023 surgiu com uma mensagem nova para as equipas participantes, advocando pela redução do Lixo Marinho para a proteção das Aves Marinhas dos Açores e pela campanha #MudarPorUmOceanoMaisAzul.

Trata-se de uma competição por equipas (até 3 elementos) a quem se pede o registo do máximo de espécies de aves observadas na região durante o primeiro fim-de-semana de outubro, promovendo assim a observação de aves no arquipélago. 

Ao longo dos anos já participaram 94 equipas, mais de 200 participantes que em conjunto observaram mais de 600 espécies de aves no somatório das espécies observadas desde 2014 até 2023. Neste último, participaram 5 equipas embora só se tenham resgatado resultados de 4 equipas que incluíam equipas de várias ilhas do arquipélago dos Açores, desde o Pico, Graciosa, Faial e até Santa Maria.

Resultados apurados para a BirdRace Azores 2023

A equipa do Faial, Pilritos do Faial, foi a equipa vencedora em 2023 tendo observado 27 espécies de aves no fim-de-semana de 30 de setembro a 01 de outubro. Somando um total de 83 registos de 31 espécies de aves no total durante o evento.

Equipa Vencedora : Pilritos do Faial

A SPEA dá os parabéns a todas as equipas participantes, em especial a equipa ganhadora que leva para o Faial este prémio pela primeira. 

Obrigado a todos por participarem e fica o convite para participarem em futuras iniciativas!



quinta-feira, 7 de março de 2024

Quantos milhafres existem nos Açores?

Dias 6 e 7 de abril, a SPEA convida-o a ajudar a contabilizar a única ave de rapina diurna dos Açores

O milhafre ou queimado como é conhecido no arquipélago é uma presença assídua nos céus dos Açores e bem conhecido dos açorianos. Nos dias 6 e 7 de abril, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) convida-o a contribuir para a ciência e a conservação, participando no Censo de Milhafres.


Este censo pretende contribuir para avaliar o estado da população da única ave de rapina diurna que nidifica no arquipélago: o milhafre (Buteo buteo rothschildi) facilmente observável e medindo entre 1,10 e 1,30m da ponta de uma asa à ponta da outra. Anualmente, durante um fim de semana, dezenas de voluntários percorrem, de olhos postos no céu, 7 das 9 ilhas dos Açores onde a espécie ocorre. Os dados recolhidos por esses voluntários têm permitido aos especialistas aprofundar o conhecimento sobre diversos aspetos da biologia da espécie, tais como o comportamento e os habitats mais utilizados e acompanhar a sua evolução.

Foto: Rui Teixeira

Com o Censo dos Milhafres, a SPEA acompanha a situação desta espécie nos Açores e na Madeira, onde é conhecida como manta (em Portugal continental, a ave é apelidada de águia-d’asa-redonda). Desde o início do censo, em 2006, já participaram 2645 voluntários em ambos os arquipélagos, e já se observaram perto de 10 000 aves, elevando esta iniciativa ao maior projeto de Ciência Cidadã coordenado pela SPEA.

“O sucesso deste censo depende da participação dos voluntários que nos ajudam a acompanhar os milhafres e mantas nos Açores e Madeira. Em 2023, tivemos um aumento do número de novos voluntários a participar. Este ano, temos como objetivo aumentar o número de percursos realizados em ilhas como Terceira, Pico, Faial e São Jorge. Convidamos toda a gente a juntar-se a nós, e a trazer a sua família e amigos”, diz Ana Mendonça, técnica da SPEA.

Foto: Ana Mendonça

Os milhafres podem ser observados um pouco por todo o lado, desde as zonas florestais e pastagens até aos centros urbanos. São frequentemente avistados a voar ou pairar no céu, ou pousados em cima de muros, postes ou outros pontos altos de onde possam avistar os roedores de que se alimentam. Estas águias são predadores de topo: comem também pequenas aves, insetos e minhocas, sendo importantes para a regulação dos ecossistemas onde se inserem. Apesar da crescente consciencialização, o milhafre ainda enfrenta desafios como o envenenamento, a eletrocussão em linhas elétricas ou até mesmo o atropelamento.

Em 2023, 83 miúdos e graúdos voluntariamente percorreram mais de 1228 km para contar milhafres nos Açores. Foram observados um total de 310 milhafres, sendo possível estimar que existem 2294 aves no nosso arquipélago.

Para participar não é preciso saber de ciência, nem ser um especialista: basta conseguir identificar esta ave de rapina e querer contribuir. Para o fazer, contacte a SPEA através do email acores@spea.pt, para definir o percurso que irá fazer em busca de milhafres.

Para dar a conhecer todos os pormenores e esclarecer  eventuais dúvidas,  a SPEA organiza ainda o webinar gratuito “Censo de Milhafres/Mantas” a decorrer no dia 27 de março.

“Agradecemos a todos os voluntários que têm participado e apelamos a que se juntem novamente a nós nesta 17ª edição” diz Ana Mendonça.

Saiba mais sobre como participar

Inscreva-se!

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Formação profissional dos jovens para a conservação da natureza nos Açores

Em 2023, a SPEA Açores recebeu 15 jovens no âmbito de diversos programas de estágio Erasmus+, Eurodisseia e programa Estagiar do Governo dos Açores. Foram perto de 15 500 horas de formação efectiva realizadas, tornando esta uma vertente importante do trabalho da SPEA na Região Autónoma dos Açores que vai para além da conservação das aves e dos habitats e que passa pela educação ambiental e formação profissional de jovens na área da conservação da natureza.

Estes jovens profissionais, com várias origens desde Espanha, País Basco, Alemanha e Bélgica, integraram a nossa equipa por períodos que variaram entre os 3 a 12 meses, estando totalmente integrados em diversas ações de conservação nos projetos desenvolvidos pela SPEA nos Açores, mas também nos Viveiros de Produção de Plantas Nativas dos Açores e no Centro Ambiental do Priolo.

A recepção destes jovens é uma mais valia para a SPEA e para a comunidade açoriana que ultrapassa a aquisição de competências e /ou experiência profissional ou do apoio em trabalhos a decorrer. Permite que estes estagiários possam conhecer a cultura e tradições dos Açores estando integrados na comunidade local durante o seu período de permanência e contribuindo positivamente para a mesma.


A SPEA agradece todo o vosso trabalho e espera que a experiência tenha sido uma mais valia para o futuro profissional de todos!


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Os viveiros de produção de plantas em números

O viveiro de plantas nativas da SPEA, nos Açores, produziu em 2023 mais de 32.000 plantas de 20 espécies nativas, entre elas, espécies arbóreas arbustivas e algumas plantas herbáceas.

Para 2023, o desafio delineado para os viveiros de produção de plantas não era a quantidade de plantas produzidas, mas sim qualidade das plantas. O objetivo era ter plantas mais saudáveis, ou seja, sem os problemas fitossanitários tão comuns. 

Estufa de produção de plantas

Viveiro exterior para aclimatização de plantas

De forma a conseguir cumprir os objetivos propostos, foi seguido um plano de fitossanidade vegetal, onde for possível verificar, que as plantas em viveiro em 2023 estavam com muito menos problemas a nível de fungos, insetos, falta de nutrientes, entre outros. Para além disso, a implementação deste plano permitiu até, em alguns casos, ter-se maiores taxas de germinação de cada espécie e até crescimentos anuais, permitindo ter plantas de maior tamanho em menos tempo, como o caso do Cedro-do-mato (Juniperus brevifolia), Louro (Laurus azorica) e o Azevinho (Ilex azorica).


                                                    Cedro-do-mato (Juniperus brevifolia)

Azevinho (Ilex azorica)

Louro (Laurus azorica)

Por fim, em 2023 foram plantadas mais de 37.700 plantas na área da Mata dos Bispos, área esta que está a ser intervencionada no âmbito do projeto LIFE IP Azores Natura. No total, desde o inicio do projeto em 2019, já foram plantadas mais de 88.400 plantas só nesta área de intervenção.

Plantas com mais de 2 anos numa das áreas intervencionadas pelo projeto


Técnicos da SPEA recebem formação em primeiros socorros

A equipa  da SPEA Açores esteve, esta semana, em formação para melhor responder a situações em que a assistência adequada a uma vítima ou doente pode fazer a diferença.

Esta formação, certificada pela Emergency First Response Corp e ministrada pela Best Spot Azores Dive Center, permitiu que 11 técnicos e operacionais da SPEA Açores adquirissem competências em cuidados primários, secundários, na utilização de desfibrilador e administração de Oxigénio, tanto em adultos como crianças. Permitindo que o programa de atividades do Centro Ambiental do Priolo, tanto em escolas como para a comunidade em geral, tenha esta mais valia e o trabalho desenvolvido no campo pela operacional da SPEA seja o mais segura possível.


Após 3 dias de formação teórica e prática, fica a sensação de missão comprida e a garantia de que a prevenção é sempre o melhor caminho para garantir que acidentes não aconteçam e se evite a necessidade de recorrer a qualquer uma das práticas adquiridas nesta formação. 



A SPEA agradece à Best Spot Azores e ao formador Bruno Sérgio bem como aos formandos que tornaram esta formação um sucesso e um passo importante para a segurança de todos os que participam nas nossas atividades e nas ações de conservação a decorrer no campo!👏

Não se esqueça que prevenir é sempre melhor que remediar!

LIFE IP AZORES NATURA: 4 anos a monitorizar, avaliar e proteger as Sentinelas dos Oceanos (aves marinhas)

O Projeto LIFE IP AZORES NATURA está a monitorizar, avaliar e proteger aves marinhas desde 2020 no Ilhéu da Vila (Sta. Maria), Ilhéu da Praia e ilhéu de Baixo (Graciosa) e ilhéu do Topo (São Jorge). 

Nos últimos 4 anos uma equipa integrada (SPEA, Direção Regional das Políticas Marítimas, Direção Regional do Ambiente e Alterações Climáticas e Parques Naturais de ilha) com experiência na monitorização e conservação das aves marinhas implementaram a metodologia definida (MSII Consortium, 2018) no relatório base para a avaliação do Bom Estado Ambiental das águas da Macaronésia, com as aves marinhas como sentinelas do oceano (Macaronesian Roof Report). 

Esta foi adaptada e integrada nos Planos Operacionais do projeto monitorizando e avaliando o estado das populações de 5 espécies de Procellariiformes: roque-de-castro Hydrobates castro, frulho Puffinus lherminieri, painho-de-Monteiro Hydrobates Monteiroi, alma-negra Bulweria bulwerii e cagarro Calonectris borealis.

Frulho no ilhéu da Praia

 A avaliação das populações é realizada seguindo os critérios da Diretiva Quadro Estratégia Marinha, nomeadamente a abundância (parâmetros: contagem de ninhos BP (breeding pairs, casais reprodutores) e monitorização acústica passiva com recurso a unidades de gravação autónomas, ARUs para as espécies de painhos, em BP) e de demografia (parâmetro: sucesso reprodutor BS (%), ou taxa de ocupação TO (%) (alma-negra no ilhéu de Baixo) e taxa de sobrevivência SR (%)). No mínimo e sempre que possível foram realizadas 3 monitorizações por espécie em cada colónia para avaliar estes parâmetros.


Vigilante Joana Lourenço (Parque Natural da Graciosa) a monitorizar os ninhos artificiais de roque-de-castro. Foto: Pedro Raposo/Parque Natural da Graciosa

No total foram realizadas 94 monitorizações (35 monitorizações direcionadas ao cagarro, 19 para a alma-negra, 13 para o frulho, 10 para o roque-de-castro e 17 para o painho-de-Monteiro) em vez das 118 previstas, em virtude das condições climatéricas adversas. 


Rita Câmara (Parque Natural de Santa Maria) a monitorizar colónia de frulho no ilhéu da Vila

A avaliação dos Procellariiformes enquadra sempre que possível os valores de referência históricos e a informação disponível anterior ao período do projeto, de forma, a obter tendências populacionais e permitir uma avaliação das espécies por colónia. 

No ilhéu da Vila os resultados foram: alma-negra (72 BP, 52 BS), frulho (23 BP, 57 BS), roque-de-castro (49 BP, 257BP monitorização acústica passiva) e cagarro (105 BP, 66 BS).

No ilhéu da Praia são: painho-de-Monteiro (67 BP, 112 BP monitorização acústica passiva, 42 BS e 86 SR), frulho (17 BP, 49 BS), roque-de-castro (121 BP, 276 BP monitorização acústica passiva e 47 BS) e cagarro (62 BP, 76 BS).

No ilhéu de Baixo são: painho-de-Monteiro (135 BP monitorização acústica passiva e 79 SR), roque-de-castro (300 BP monitorização acústica passiva), alma-negra (17BP, 74 taxa de ocupação TO, 76 SR) e cagarro (61 BP e 61 BS).

No caso do ilhéu do Topo foram 3 realizadas prospeções com confirmação da nidificação de painho-de-Monteiro e indentificação de 2 ninhos, a população foi estimada em 9 BP através da monitorização acústica passiva. 

Confirmação nidificação painho-de-Monteiro (anilhagem) no ilhéu do Topo
  Foto: Beatriz Martins

Uma vez que a taxa de sobrevivência depende do esforço de Captura-marcação-recaptura, não foi possível determinar este parâmetro para a maioria das espécies, dadas as condições climatéricas adversas que limitaram o acesso aos ilhéus, o que será facilitado nos próximos anos, uma vez que durante os últimos 4 anos todas as equipas técnicas dos Parques Naturais foram capacitadas no terreno, no total 232h de formação prática, permitindo assim aumentar o número de equipas  de pessoas com valências para monitorizar e manusear as aves marinhas em questão, potenciando assim, a implementação da monitorização e a avaliação a longo-prazo destas espécies prioritárias para a região.

Capacitação da vigilante da Natureza Joana Lourenço em anilhagem com redes verticais no ilhéu de Baixo 

Para terminar, foram 4 anos de desafios e aventuras entre as aves marinhas, onde o esforço conjunto desta equipa maravilha contribuiu para a implementação da monitorização uniforme que permitiu avaliar o estado das populações de Procellariiformes. 

Este é o primeiro grande passo para colmatar as lacunas de informação e garantir (nas próximas fases do projeto) assim a avaliação destas espécies a longo-prazo e no futuro integrar metodologias complementares autónomas com as tradicionais possibilitando a avaliação do estado das aves marinhas mesmo quando há "Mau Tempo no Canal", Vento Encanado ou Mar Marafado.

Parte da equipa técnica das aves marinhas em trabalhos no ilhéu do Topo
Foto: Beatriz Martins